Símbolos

Procurava estrelas e foi assim que me apareceste, menina com estrela ao peito.
Fiquei a olhar-te, a imaginar-te uma idade, uma família, uma vida, um tempo de seres criança e feliz. As perninhas magras, os olhos grandes, a malinha que te adultece.
Crianças e estrelas deviam significar só coisas belas!
Pensei então na força poderosa dos símbolos, na suástica, no que significou para os teus.
No bonequinho preto, que indicava onde deviam sentar-se os negros no autocarro ou se podiam ou não entrar em determinados lugares. Na cadeira de rodas que indica a presença de deficiência, no arco-iris que abraça orientações sexuais específicas pelo planeta fora.
Na cruz vermelha, esperança e protecção. No proibido fumar, punição e exclusão. No código de barras. No emblema da Mercedes. Nas simbologias universais, etiquetas mais ou menos perversas que vamos distribuindo por aí, identificando tribos, segregando, agregando, humilhando, impondo, reduzindo.
Onde estarás hoje, menina-estrela? Invento-te uma vida feliz, filhos, netos, bailes, passeios, conversas à lareira.
A tempo de perceber que, à minha maneira, estou eu agora a pôr um rótulo à tua felicidade, à tua vida.
A minha desculpa é que eu queria que tivesse sido assim. Que pudesses mesmo ter sido feliz. Porque acredito que assim serias. Talvez tenhas sido mesmo feliz, de outra maneira só tua. Ou talvez tenhas ido para o céu das estrelas-crianças antes de teres tido tempo para não seres feliz.
Suponho que eles também tinham uma desculpa qualquer para te porem uma estrela ao peito...
14 Comments:
Vamos voltar....
saudades ...
saudades e desejos de que o mundo da mulher que faz nascer estrelas esteja feliz.
A imagem é fortíssima bem como as tuas palavras. Quem dera que todas as crianças tivessem estrelas, mas não dessas, das que brilham e fazem as crianças felizes e cheias de esperança...
Li as tuas palavras e depois voltei a subir a imagem e fiquei a ver aquela menina da estrela. Sim, o poder dos símbolos. A vida levada por esses símbolos. Mas quero acreditar que, atrás daquele sorriso e das pernas magritas, veio felicidade. Uns pais carinhosos, amigos de risos e brincadeiras. Durasse o tempo que durasse. Foi alegria.
Gosto tanto de te visitar. :) Do que escreves, do que me fazes pensar. Obrigada. :)
Este post é absolutamente fabuloso!
Nunca pensei que se pudesse falar assim, de forma tão poética, de algo tão mau como o racismo, a xenofobia...
Beijos e parabéns Azulita.
Lindo!:))
Beijinhos!
Maravilhoso.
Mas quando vi a imagem e antes de ler o texto, lembrei-me dos últimos 6O/70 anos e das atrocidades que se cometeram(e cometem)em nome não sei muito bem de quem, nem porquê.
Tal como a arara-querida gostava que essa menina tivesse tido uma vida feliz, com família e tudo o que tinha direito.
Mas, acima de tudo, o que gostaria mesmo, é que ela tivesse passado para os seus descendentes valores que os ajudassem a dar valor ao que de mais precioso existe - A VIDA - para que hoje não fossem eles os carrascos dos seus irmãos palestinianos.
E que bom seria ver hoje na Palestina, meninas assim tão fofas, mas sem estrelas no peito, só nos seus sonhos.
Ou, como tem falado em chuva, que tal uma linda chuva de estrelas.
Beijinhos.
Que gaffe sem tamanho.
Claro que gostava que fossem felizes todas as crianças do mundo e não só as Palestinianas, como é óbvio.
Está por cá ou vai de passeio?
Beijocas grandes e que as suas princesas continuem cobertas de estrelas(claro que não me refiro à arara-ESTRELA que as ilumina todos os dias).
Andei a dar uma volta pelos blogs e a grande maioria das suas amiguinhas são pessoas privilegiadas: Vão de férias!
Este mundo novo vai ficar um bocadinho mais triste.
Beijinho.
Bonito post, não me enganei em relação ao seu blog. É dos melhores.
´Vamos` pensar assim: a especulação cosmológica judaica vê cada estrela protegida por um anjo, e as constelações seriam grupos de espíritos celestes unidos por uma relação de colaboração harmoniosa!
Como muito provávelmente a criança da fotografia não sobreviveu ao nazismo, resta-nos a esperança de existir Deus.
se calhar a menina nunca se chegou a aperceber que a estrela q trazia ao peito era negra e pensava que todas as estrelas q via no céu brilhavam sempre
talvez até a menina tenha crescido e olhado outras estrelas e um dia retiraram do seu peito aquela estrela...negra
como no filme "A vida é bela" em que o menino nunca se chega a aperceber q vive num campode concentração...
bjs
A Rainha da Sucata
Andam por aí umas vozes em sobressalto com o que se escreve na Net, e, à cabeça, com a crescente influência das temáticas, abordadas nos “blogues”, sobre a Opinião Pública Nacional. Cumpre-me aqui dizer que sou novo nos “blogues”, e suficientemente antigo, na Opinião Pública. E como me estou, à cabeça, aparentemente – depois, verão que não... – zenitalmente borrifando para os “blogues”, vou, pois, começar pela Opinião Pública.
Ora, em qualquer país pretendido civilizado, a Opinião Pública não é mais do que um misto de emoção e raciocínio difuso, que leva a que as sociedades exerçam, em conjunto, as suas auto-análises, os seus direitos espontâneos de aprovação e desagrado, e uma necessária catarse colectiva, fruto dos sabores e dissabores do Rumo da História.
Os períodos de Opressão e de Distensão medem-se, pois, pelo vigor e maturidade que essa Opinião Pública manifestar.
Na sua coluna de despedida do “Diário Digital”, Clara Ferreira Alves, criatura que nunca frequentei, nem sequer sabia que escrevia, mas que, naquele panorama do Ridículo Nacional, apenas me fazia, de quando em vez, sorrir, entre as suas apalhaçadas oscilações entre o negro azeviche e o louro caniche, dizia eu, centra-se, num dado momento da sua despedida, sobre a perniciosa influência dos blogues na tradicional “Imprensa Impressa”: de acordo com ela, “A Blogosfera é um saco de gatos, que mistura o óptimo com o rasca, e (as vírgulas atrás são todas minhas) acabou por se tornar num magistério da opinião (d)os jornais”, os quais nunca foram sacos de gatos, sempre souberam recolher o óptimo, e nunca constituíram um prolongamento do magistério dos Interesses Ocultos Predominantes.
É óbvio que em todos os jornais, como em todos os "blogues", como em todos os programas de televisão de carácter rasca, -- terríveis eixos do mal --, “existe e vegeta um colunista ambicioso, ou desempregado, (as vírgulas continuam a ser minhas), ou um mero espírito ocioso e rancoroso”, que pode ser vário, como os nomes de Satã.
“Dantes, a pior desta gente praticava o onanismo literário e escrevia maus versos para a gaveta, [publicando] agora as ejaculações”, as quais deveriam continuar a ser privadas, porque o exercício da cobrição, que tantas vezes levou a que um mau texto aparecesse nas parangonas da Crítica, fruto de uma noite mais ou menos bem passada, ou de uma jantarada em lugar eminente, poderia, e deveria, pelos mais elementares deveres do Pudor, nunca ultrapassar a atmosférica fronteira do Secreto e do Invisível. Para mais, parece que, nos blogues, escancarada janela rasgada sobre o Tudo, já não existe aquela claustrofóbica sensação das escassas três ou quatro janelinhas, onde a iluminação da Crítica Impressa revelava ao profano o pouco que se fazia, e, logo, podia aspirar a existir. Parece que nos blogues, dizia eu, se fala agora abertamente de tudo e de todos, e não apenas dos amigos, dos que nos assalariaram o texto, ou dos que nos pagaram para sermos gerentes da sua irremediável Insignificância.
Compreende-se a angústia da Clarinha: com a ascensão dos “blogues” e o declínio dos jornais, anuncia-se também o fim do monopólio das palas postas nos olhos dos burros, e daqueles que tinham o exclusivo poder de as pôr.
Clara Ferreira Alves manifesta-se inquieta pelo seu Presente, e teme pelo seu Futuro. Mais acrescento eu que o que está em jogo é, sobretudo, o seu PASSADO e o de todos os que se lhe assemelham, porque a Cabala, que, durante décadas, tão habilmente geriram, se está agora a desmantelar por todos os lados.
Nos “blogues”, nada mais existe do que quem diariamente fale de tudo e todos, sem defender quaisquer sistemas que não os da prevalência do Excelente sobre o Medíocre, do Livre sobre o Encomendado, e, sobretudo, quem o faça GRATUITAMENTE, ou seja, por mero Dever Cívico, por vontade de intervir, por caturrice, ou tão-só pela amistosa gratidão de poder Partilhar.
É verdade que com os “blogues”, poderá estar em jogo o fim da Palavra Comprada, e já estar a vislumbrar-se o início da Era da Palavra Livre e Particular, o Reino da Palavra Gratuita. Talvez seja isso a Comunicação Global. Em breve, também aí se fará a separação do Trigo do Joio, e passará a vencer quem melhor escrever e mais for lido, dispensando-se as tradicionais encomendas das almas.
Penso, publico, sou lido, e logo existo. Tudo o resto é vão.
Ah, e isto não é um texto para resposta, sobretudo qualquer tipo de resposta, como dizia o Vasco Pulido Valente, que metesse “na conversa a sua célebre descrição do pôr-do-sol no Cairo.
Muito obrigado.”
http://braganza-mothers.blogspot.com/
Querida, este é pra agradecer as "traduções" das palavras portuguesas e para te dizer que adorei a quase escolha da Opção 2 para Lili! Esta opção é a da liberdade para viver tudo ou quase tudo! mas é claro que a 3 é mais adulta e inclui o amor e... foi sua escolha final, mas eu curti a duvida, ora se...
Agora vou falar deste post incrível de tanto lirismo e propriedade.
Signos não são símbolos. Os símbolos nos trazem toda uma mágica que não deciframos e catalogamos pois daí deixam de ser mágicos e tornam-se signos.
Quando dizes que estavas rotulando também, me lembrei destes conceitos e queria te dizer que, de todos os rótulos o único que me acode à ideia pois que será sempre mágico, é o do amor e este foi a base do seu desejo para a menina e o que ela representa.
Quando a etiqueta diz: minha mãe, querido filho, pátria amada, homem íntegro, coisa linda... Sempre há mágica, se existe o sentimento do bem!
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