quarta-feira, janeiro 16, 2008

Meninas

As duas meninas de Fátima foram repetidamente abusadas por um adulto, familiar próximo. Assim que se apercebeu, Fátima denunciou o ocorrido. Toda a família rompeu com ela. A perícia médica provou que ela e as meninas diziam a verdade. Durante 3 anos as meninas foram vigiadas pelas mais diversas comissões de protecção de crianças, entrevistadas por pediatras, pedopsiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, juízes, advogados. Era para "construir o processo e assegurar as competências da mãe para manter a custódia" (???).
O abusador passeava-se, solto e impune. Abusando livre e leve, talvez, é sabido que costuma ser assim.
Ontem a sentença de um julgamento que começou há 2 meses: 5 anos de pena suspensa, o abusador ainda é jovem, (tem menos de 30 anos), está inserido sócio-profissionalmente, confundiu os sentimentos pelas meninas, (que à época dos abusos tinham ambas menos de 8 anos...), não há razões para pena mais severa.
As meninas continuam presas. Presas à memória dos repetidos abusos, presas ao sistema que as obriga a apresentações regulares aos profissionais de saúde mental que as acompanharão por ordem judicial até à maioridade. A mãe foi condenada a prisão perpétua moral, a culpa de não ter conseguido proteger melhor as filhas a dilacerar-lhe o coração.
A sentença foi proferida por uma JUÍZA. Parece que juíz é uma palavra sem feminino, logo devo ter construído mal a frase anterior.
Tomara que o abusador nunca se encontre com uma das suas filhas, Senhora Doutora Juíz.

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16 Comments:

At 16/1/08 10:43 da manhã, Blogger Carlota said...

Grandes injustiças se cometem por aí. É simplesmente horrível o que contas.
Fico na esperança de que se cumpra com todos aquilo que commument se diz: cá se fazem, cá se pagam. É que não me ocorre mais nada!

 
At 16/1/08 11:19 da manhã, Blogger Álex said...

não há razões para pena mais severa!!!! pois sim E estes gajos não são obrigados a tratarem-se? pois então tirem-nos de circulação!

 
At 16/1/08 11:26 da manhã, Blogger Unknown said...

Ja sabes o efeito que estas noticias tem sobre mim. As vezes gostava de ser avestruz para meter a cabeca na areia e nao ver nem ouvir. Nao consigo. Tento fazer algo, mas nunca sei bem o que. Olha, aos que posso dou um bocadinho do carinho e dos afectos que tenho tido a sorte de recebr ao longo dos anos.
Um beijinho

 
At 16/1/08 12:29 da tarde, Blogger Pitanga Doce said...

Quando venho aqui e leio histórias assim, tenho que voltar de novo para me acalmar e poder escrever.

Volto depois.

beijos

 
At 16/1/08 2:55 da tarde, Blogger Morgenita said...

Há coisas para as quais não consigo sequer encontrar palavras...

Bom, mudando de assunto, tem prémio para si no Guacharela.

Bjocas grandes,

 
At 16/1/08 2:55 da tarde, Blogger Morgenita said...

Este comentário foi removido pelo autor.

 
At 16/1/08 3:05 da tarde, Blogger Skyman said...

Por muito que tente, não consigo perceber o porquê de continuarem a utilizar a palavra "justiça" em casos como estes.
É uma vergonha.
:-(

 
At 16/1/08 5:16 da tarde, Blogger Pitanga Doce said...

Existem crimes que nem sequer deveriam fazer parte da agenda dos Tribunais. Não deveriam ter o direito a um julgamento para que não fossem beneficiados por falhas no Codigo Penal. Não deveria haver advogado no mundo que o quisesse defender. Constatado o crime perante médicos e testemunhas e provas e não sei mais o quê, era diretamente para a Penitenciária. Mas não numa cela isolada, com direito a banho de sol e "pasto". Deveria ficar junto a dezenas de homens famintos de vingança a quem quer que seja e ter colado a testa um aviso "animal perigoso, violador".

beijos e que Deus proteja sempre as nossas crianças.

 
At 16/1/08 8:41 da tarde, Blogger Sinapse said...

:((

...

... mas não creio que seja culpa do juiz (e não deveria fazer diferença se o juiz é um homem ou uma mulher, as penas devem ser decididas com base nos factos e não na empatia que um juiz - homem ou mulher - possa sentir com os temas e/ou as vítimas) ... creio que é o nosso sistema de justiça, o nosso código penal, que estão obsoletos ... qual seria a pena máxima que poderia ser aplicada ao molestador, ao pederasta? provavelmente a pena máxima é ridiculamente mínima ... e é aí que reside o grave problema! têm que rever-se esses parâmetros que orientam os juízes, temos penas ridiculamente mínimas para violadores/pederastas/molestadores ...

 
At 16/1/08 11:42 da tarde, Blogger Angela said...

E ainda há quem proteja os homens e por vezes, pasmem, ainda consideram a responsabilidade das vítimas como se tivessem "provocado" o violentador.
Gostaria de saber se, em Portugal, a palavra "pederasta" usada pela sinapse, tem outra interpretação diversa da brasileira.
Alguém me esclarece?

 
At 17/1/08 1:06 da manhã, Blogger Dona Betã said...

Há tempos li num ensaio sobre os direitos das crianças a seguinte frase que anotei:

"Quando uma sociedade deixa matar as crianças é porque começou seu suicídio como sociedade. Quando não as ama é porque deixou de se reconhecer como humanidade."

Era bom que essa JUIZA reflectisse um pouco e tentasse reconhecer-se como humana o que, pelos vistos, parece que não é.

Bjjj

 
At 17/1/08 8:29 da manhã, Anonymous Anónimo said...

...ela, a juíza, claro, nunca irá a julgamento com um caso assim, pois, não pode ter filhas para uma sentença assim.

Gente tão triste!

(Mãe, sms finanças - bj)

 
At 17/1/08 11:58 da manhã, Blogger calamity jane said...

Desde ontem que estou para comentar. Mas simplesmente não consigo dizer nada. A dor é demasiada.Prefiro ir comentar ali em cima. Mas depois de passar pelos respectivos tascos

 
At 17/1/08 12:39 da tarde, Blogger Ka said...

Fico sem palavras perante realidades destas!!! Doi demais pensar nas 2 meninas, com infância desfeita, presas ao passado de forma irremediável e com uma grande probabilidade de voltarem a viver o mesmo pesadelo ...

Beijo

 
At 17/1/08 5:01 da tarde, Blogger chiqui said...

sem palavras... esses casos, multiplos, de crimes tao hediondos que passam em claro pelos nossos tribunais fazem-me acreditar que Portugal esta na Europa. Fisicamente. Moralmente, legalmente , (...) somos pais do terceiro mundo

 
At 18/1/08 6:22 da tarde, Blogger AEnima said...

Eu, que sou completamente contra as penas pesadas, pena de morte etc etc e acho muitas vezes que o culpado precisa é de tratamento psiquiátrico e amor de mãe, em casos deste tipo de crime, fico revoltada. Era metê-los num hospício com tratamentos de electro-choques diários para o resto da vida!

 

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