sexta-feira, maio 16, 2008

Ocupadíssima


Como todas as 4 0u 5 anteriores, também esta foi uma semana louca, cheia de trabalho e chatices para resolver.
Mas como há dias mais loucos que outros, ainda estou sem fôlego com as aventuras de ontem: no âmbito do meu Projecto de Saúde Escolar, fui a uma Escola (por solicitação aflita de uma Directora de Turma) fazer uma dinamização sobre bullying numa turma de 7º ano. Disse-me a Sra. Profª que esta era uma turma particularmente agitada e a escolha do tema justificava-se pelos numerosos incidentes que se registam com os alunos da mesma. Falamos de miúdos de 12 e 13 anos, classe média alta. Uma turma de 18 alunos.
Percebi que estou velha, gasta e mais experiente do que gostaria: nunca, em 30 anos de convívio com garotos, em mais de 20 de Saúde Escolar, nunca, repito vi algo assim. Pré-delinquentes é o termo mais soft que me ocorre para qualificar aquelas crianças e é obsceno constatar que é disso que se trata, são crianças, senhores!
O buraco afectivo por trás daqueles comportamentos desajustados e daquela falta de competências sociais mínimas deixou em mim um vazio de fé. Não esperar nada de bom de miúdos de 12 anos é muito triste...
Onde andam os pais deles? Que fim levaram todas as flores...?
Como vos desejo bom fim de semana, assim, de coração apertado?

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11 Comments:

At 16/5/08 11:46 da manhã, Blogger calamity jane said...

"O buraco afectivo por trás daqueles comportamentos desajustados"... É isso que muitas pessoas não conseguem ver e que, no entanto, como que salta à vista perante cada criança, cada adolescente, cada adulto agressivo,cada cão que morde.Sim, é triste não esperar nada de bom de crianças daquela idade! Sabes que me lembro de ter pouco mais que isso e de cruzar com miúdos ainda mais novos e já ter essa percepção, de sentir esse aperto no peito...
Linda, ando há 10 dias a tentar contactar ctg! Diz qq coisa!
Beijossssss

 
At 16/5/08 2:25 da tarde, Blogger Carlota said...

O que contas é bastante assustador.
Eu sei que por detrás do meu filho não há nenhum buraco afectivo, mas temo os buracos afectivos andantes com que ele se irá cruzar por aí.
Bom fim-de-semana!

 
At 16/5/08 3:19 da tarde, Blogger chiqui said...

Esses buracos afectivos existem certamente, cada vez mais gritantes. Uma das razoes, e certamente haverao muitas mais, e a tentativa de substituicao dos afectos pelo material. Entupir as criancinhas de "coisas" nao as vai formar enquanto pessoas, nem substituir o tempo que elas devem ter com os pais.
Educacao, amor, seguranca...
Posso falar de barriga cheia porque tive uns pais profissionalmente muito ocupados, mas tambem muitissino presente nas nossas vidas.
Beijos para toda a familia azul, e um muito especial para ti minha querida, de uma california de 40 graus a sombra (bem... a sombra estao uns 35!!)

 
At 16/5/08 3:29 da tarde, Blogger Pitanga Doce said...

Alcanço perfeitamente o que dizes. E acrescento: quanto maior a classe social, maior o vazio. Estão "pagando" para os filhos ficarem "ocupados" mas FORA DE CASA! É curso de Inglês, quando a criança nem sequer sabe escrever o português, são produtos eletrônicos de última geração, celulares que são rádio... MENOS OLHAR PARA ELES QUANDO ELES FALAM!!! É o jogo do empurra. O pai empurra pra mãe, que empurra pra a empregada que empurra para a rua.Não olham a caderneta escolar, não sabem que eles vão às aulas ou não. Mas no fim de semana? Ah, aí vão passar o dia no shopping e voltam para casa cheios de presentes caros para os filhos mostrarem ao colegas na segunda -feira. Nenhum abraço, nenhum chamado carinhoso:-Filho, vem cá!
É triste, Azulinha, porque esses pais, um dia vão com seus carrões caros e um advogado, buscar o filho em uma delegacia às duas horas da manhã.

Não digo que isso seja uma regra, mas já não há muitas excessões.

Desculpe se te enchi o espaço e os ouvidos, mas também sou do tempo em que sabíamos o que nossos filhos gostavam de comer ao café da manhã.

beijos e bom fim de semana.

 
At 16/5/08 3:30 da tarde, Blogger Pitanga Doce said...

Ai, meu Deus! Olha pra isto! O tanto que falei!

 
At 16/5/08 4:36 da tarde, Blogger Madalena said...

Uma turma assim, DT eu, "arrumou" comigo. Mas houve um pai que me disse que o problema era haver apenas um professor homem no Conselho de Turma. Ainda tive de rebater uns metros de discurso machista e completamente inútil para o caso. Beijinhos muito muito tristes pelo estado das coisas.

 
At 16/5/08 6:30 da tarde, Blogger Tongzhi said...

Como eu te compreendo.
Felizmente na minha escola não se passa nada de muito dramático nesse ponto, talvez devido ao meio em que estão inseridos e a uma cultura que leva os pais a "virem" muito à escola. Só para teres uma ideia, dos 28 alunos que tenho numa turma, 24 encarregados de educação vieram à última reunião. Mas quando acompanhava estagiários na faculdade, deparei-me com realidades como essa...

 
At 16/5/08 11:00 da tarde, Blogger B. said...

Por incrível que pareça a realidade ultrapassa a ficção. O que descreve relativamente a essa turma aplica-se, infelizmente, a cada vez mais turmas. Seja pela demissão de pais/educadores, substituição de afectos, políticas educativas inadequadas ou seja por outras razões, facto é que o desgaste que envolve a profissão de professor faz-me dizer que ela deveria ser considerada uma profissão de risco. Não é ironia dizer que senti mais segurança quando leccionei num estabelecimento prisional do que em muitas escolas por onde passei. É preocupante...

 
At 17/5/08 6:43 da manhã, Blogger Angela said...

Não sei onde andam as flores mas tenho certeza de que tens as sementes e que as distribui.
Mas, é necessário que as adubem, molhem e que o solo seja bom. Faz o que te compete e já o fazes muito bem dentro de sua casa e sob várias outras formas e lugares.
Creio que um dos nosso maiores aprendizados nesta vida é o da aceitação da impotência.
Força querida, e distribui o amor que te brota aos montes! Um beijo cheio de carinho.

 
At 18/5/08 8:20 da manhã, Blogger amigona avó e a neta princesa said...

E ficamos assim de coração apertado!!! Quando vamos acordar?
Beijos e bom domingo...

 
At 19/5/08 11:07 da manhã, Blogger Leonor said...

Como a compreendo. O abandono é assutador e preocupante.
Boa semana

 

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