terça-feira, março 07, 2006

Loucura e Feminino


Porque a loucura nos assusta?
Porque para a maior parte de nós os loucos ainda são vistos como aqueles indivíduos violentos, perigosos e irrecuperáveis?

No que pensamos quando falamos de loucura?

" Inundei o meu apartamento, estava nua, a cavalo no meu sofá. A verdade é que a vizinha de cima tinha entrado na minha televisão, foi ela que me deu as ordens", Andrea, 51 anos, 3º internamento

"Defino o meu estado como ingovernável: desgovernada da cabeça e controlada por idéias que não me saem da cabeça", Amélia, 38 anos, 1º internamento

"O que me faria bem era recuperar as minhas crianças, mas não creio que me voltem a dá-las. Ficámos uns dias sem comer, a comida anda contaminada, temos que nos purificar. Mas as crianças não compreendem, choram, choram", Clara, 36 anos, 4º internamento

"Conheci o meu marido no Hospital Psiquiátrico. Ele compreendia o meu sofrimento e eu, o seu",
Joana, 27 anos, 2º internamento

Quando a doença mental entra em jogo, não há identificação possível. O outro é completamente o outro, nas suas reacções e na sua visão do mundo. Quando o outro é mulher e mãe, as consequências são ainda mais imprevisíveis, assustadoras; infinitos dilemas entram em cena, potencia-se a possibilidade de devastação total.

Ainda nos aterroriza a loucura. Será porque ela nos lembra a nossa própria parte de sombra?

11 Comments:

At 7/3/06 1:57 da tarde, Blogger C_mim said...

Quem sou eu?

Me riu.
Me cato
Me castro.
Fico frio,
Sorriu de falso.

Amo coisa alguma,
Desejo incertezas
Desconcertantes

Me entretenho no tempo,
Do tempo que segue.
Espero sempre
Que alguém me leve.

No meu tempo,
será que ainda tem tempo?
-------
Uma parte sou eu, outra um Deus me deu,
Uma parte eu não sei, na outra não sinto o mesmo,
Numa parte existe tempo, na outra pareço somente um catavento
Numa parte existe manhã, tarde e noite,
Na outra não tenho norte.
Num lado eu sei que faço sentido
Noutra sou um ser desavindo.
Num lado eu sou fraco,
No outro eu não penso, só ajo.
Numa lado eu faço sentido
Do outro eu ando muito perdido.
Dum lado eu sei reconhecer
Do outro revelo um outro ser.
Serei o que sou não sabendo bem o que isso será.
Eu me entendo, não entendendo.
Eu me penso, no teu pensamento.
Sou buraco obscuro,
Vida sem rumo.
Serei assim até conseguir parar,
Um dia não fugirei,
tentarei ficar...

 
At 7/3/06 3:06 da tarde, Blogger Mónica Lice said...

A loucura atinge-nos a todos... embora ande sorrateiramente escondida, à espreita, para se fazer notar!

 
At 7/3/06 5:18 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Na realidade todos somos um pouco loucos.

Hoje vi uma frase que pode ser de loucos e não só:

"O trabalho fascina-me tanto, que chego a ficar parado, a olhar para ele, sem conseguir fazer nada".

Que tal para o seu trabalho 125_azul?

Beijinho.

 
At 7/3/06 7:29 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Agora falando a sério, deve ser horrível quando o louco é mulher e mãe.

E se tiverem momentos de lucidez, como se sentirão?

E que vida virão a ter essas crianças se não forem acompanhadas convenientemente?

Espero que o próximo post seja mais leve e cheio de flores.
Afinal amanhã é o dia de algumas de nós, só de algumas infelizmente.

Beijinhos.

 
At 7/3/06 8:11 da tarde, Blogger Tatá said...

orbigada pelo comentario. eu ja acabei o q fiz para o meu irmao!!! olha, tb estou a fazer um blog de receitas (www.minhasreceitinhas.blogspot.com/). Vc ja foi la? bjs.

 
At 7/3/06 11:22 da tarde, Blogger Folha de Chá said...

O que não conseguimos compreender, assusta-nos. :) Um grande, grande Amor, pode conseguir ajudar a entender tanto. :)

 
At 8/3/06 5:56 da manhã, Blogger Angela said...

O LOUCO NÃO É EM ABSOLUTO
O HOMEM QUE PERDEU A RAZÃO;
O LOUCO É AQUELE QUE PERDEU TUDO,
MENOS SUA RAZÃO.

CHESTERTON

Não creio em loucura por princípio. Creio em genialidade imcompreendida, mal canalizada, em surtos de aguda percepção e no medo alheio que insiste em enquadrar os diferentes, o que termina por torná-los loucos sim... pelas perdas, todas!

 
At 8/3/06 9:43 da manhã, Blogger 125_azul said...

Ursa mor: concordo consigo. A linha que separa entre ser génio e louco é muito ténue. Basta analisar a vida de muitos que agora são considerados génios, mas que no seu tempo de vida eram considerados "estranhos".

H2homem

A gota caiu na poça
A poça caiu na lagoa
A lagoa caiu no mar
E aqui se fez
A pessoa

A pessoa caiu na outra
A outra caiu na outra
A gota caiu na gota
E o mar se fez
Da Garoa *

Agá Dois Homem
Para dentro da boca da boca da boca do rio
Correndo escorrendo para dentro do copo vazio
E do copo cheio transbordando, embalando o navio
Chovendo, jorrando, enxurrando, enchendo o cantil

Agá Dois Homem
P'ra beber e tomar banho
Agá Dois Homem
P'ra nadar e fazer sopa
Agá Dois Homem
P'ra molhar a plantação

Contra a cabeça pedra
Contra a cabeça ferro
Contra a certeza inquestionável

Agá Dois Homem
P'ra lavar a roupa suja
Agá Dois Homem
P'ra furar a pedra dura
Agá Dois Homem
P'ra chover sobre o sertão

letra de Arnaldo Antunes cantado pelos clã

 
At 9/3/06 7:22 da manhã, Anonymous Anónimo said...

taí, Arnaldo Antunes... um louco que deu certo!

carinhos por todos os dias em que somos mulheres, machudas e malucas, mesmo sendo muito, muito frágeis e é aí que mora toda a nossa força!

 
At 9/3/06 7:01 da tarde, Blogger alberto augusto miranda said...

a loucura, la folie, dissipa as estacas sexuais, o ser sobrevém à sua condição, embora a diga: quando fala, todo o fenómeno de aculturação entra em jogo, a disparidade de sentido entre o dito e o interdito desaparece, a racionalidade encontra o muro onde entoar proposições. O muro faz boomerang. E a razão erra por muitos poros. Não há duas loucas iguais. Seguindo uma hipotética epistemologia, a loucura é uma resistência à "formatação", é o vírus da diskette.

 
At 23/4/07 7:34 da tarde, Anonymous Anónimo said...

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