Os franceses ainda não se recuperaram do final da taça! É a primeira informação que temos, ainda a bordo. Jornais, revistas, pessoas, todos se dedicam ao mesmo tema: a derrota e a cabeçada. Entre absurdos e patetices, nada li na imprensa que desabone os lusos; humilha-se os brasileiros, com expressões do tipo "Zizou ensinou os brasileiros a sambar", apupa-se os espanhóis e os italianos. Aos lusos, o comentário "jogo difícil", "uma das grandes equipas da Europa", "a maior revelação do mundial"... Eles lá saberão porquê!
Os fogos de artifício sobre a baía foram bonitos, como são todos os fogos, ainda mais em cenário de excepção, noite estrelada, sobre o mar. E a comemorar a liberdade, a igualdade e a fraternidade, os princípios maiores.
Nice tem um charme antigo, é uma cidade de detalhes encantadores. Flores e frutas magníficas, mercados de rua, profusão de raças e cores.
E depois o mar. Tão azul, tão transparente, só apetece mergulhar. E é aí que começa a aventura: uma linda baía, orlada pela
promenade des anglaises, passeio à beira mar com ciclovia para agradáveis passeios de bicicleta ou patins, de dia , para o mais puro
trottoir de noite, uma praia de vários quilómetros de calheal (areal, é quando é de areia, sendo de calhaus, perdoem o neologismo).
Lindos seixos rolados. Estendam uma toalha e deitem-se sobre os calhaus escaldantes. Levem os chinelos até à beira de àgua e entrem no mar quentinho, pisando calhaus. Sair do mar é género albatroz a aterrar: braços abertos, para equilibrar, traseiro empinado, pé aqui, pé ali, constante desequilíbrio, ai caraças, chiça. Claro que os locais usam uns sapatinhos de borracha, quentes e inestéticos e riem-se dos albatrozes estrangeiros.
Aventura seguinte, um dia de princesa: Mónaco e Monte Carlo. Impossível alugar carro por causa do 14 de Julho. Emprestam-nos um mini morris e lá vamos nós, montanha acima, montanha abaixo, caminho maravilhoso à beira mar.
Mónaco lindo, Monte Carlo idem. Iates, Ferraris, Chanel e louras caras. Caríssimas!
Para encurtar que isto já vai longo, regresso com paragens para fotos aqui e ali, é tudo de contos de fadas. E à entrada em Nice, o mini fica sem embraiagem! Ah, agonia, tentar passar as mudanças com um carro que grita, ronca, sacode-se. Encurtando ainda mais: carro encostado num estacionamento e boleia de uns franceses amorosos.
Detalhe: o carro deles dizia
Pompes Funebres. Sim, é para transporte de caixões. E nós fomos atrás. Como num ensaio. Acabou assim o meu dia de princesa.
Façam figas!!!