sexta-feira, junho 30, 2006

A "essência" do Macho


Ah pois, Macho com maiúscula, porque os pobres já andam suficientemente desmoralizados!

Nas últimas décadas, só os homens muito bem resolvidos, seguros e serenos, conseguiram posicionar-se numa sociedade que a cada momento lhes cobrava novas posturas, obrigando-os a expressar ao mesmo tempo virilidade, ternura e romantismo, tendo ainda que ser ombro amigo, provedor, pai participante e parceiro sexual activo e eficaz.

Só nos últimos 10 anos, já foram classificados como metrossexuais (e alguns ainda hoje não sabem bem o que isso é), emoboy (de emotivo), ubersexual (um pouco mais macho mas ainda sensível e doce).

Como se enquadram? Como sobrevivem? Oraganizando-se! Volta e meia aparecem movimentos que tentam reabilitar a essência da masculinidade perdida. Algo do género "a revolta dos Machos".

E fazem-no através de valores como força, protecção e coragem. Ás vezes. Outras vezes, nossos machos ressurgidos (ou estes nunca morreram?) reafirmam-se através do famoso murro na mesa e palito na boca. Arroto a cerveja e barba mal feita.

O que seja, que cada um sabe de si.

Lanço aqui um desafio. Digam lá qual é para vós a "essência" do Macho. Prometo que publico a lista depois, criando com as vossas sugestões uma espécie de Manual de conduta para Machos. Só para os que andam confusos...

Abro as hostilidades, se me permitem, com duas pequenas sugestões:

1- Homem que honra as calças que veste não dá alcunha aos seus órgãos genitais. Nem permite que a namorada/mulher/amante o faça. Era só o que faltava!

2- Homem solteiro não tem gato como animal de estimação. Aliás, não tem animal de estimação.

Sugestão para os cavalheiros que me visitam: façam o "teste da masculinidade" em www.veja.com.br . Depois, conforme o resultado, partilhem. Aqui, na roda de amigos amanhã, mas antes do jogo, por motivos óbvios, segunda-feira no escritório. Se o resultado for francamente favorável, imprimam, dobrem, guardem na carteira. Pode dar jeito num primeiro encontro!

Desejo-vos um maravilhoso fim de semana. E boa sorte para o(s) jogo(s)!

quinta-feira, junho 29, 2006

Dádiva


Depois do altar de Shiva estar abastecido, volto para agradecer as dádivas.

Querer voltar couve ou peixe não é uma escolha pela identificação, antes uma rendição : considero que os peixes e as couves-flor têm vidinhas santas, dentro das limitações que os ciclos naturais lhes impõem. Assim também eu aceito o que os ciclos me têm trazido. Talvez a angústia nem seja com os diagnósticos, que nos empurram para o ciclo infernal remédios-consultas-chatices, mas com a consciência das mudanças a que eles obrigam (continuo feliz, com comprimidos tipo M&M e tudo).

Hoje quero só oferecer um campo cheio de girassóis, a flor maior e que mais significado simbólico possui, a todos os que cá vieram ontem e deixaram miminhos.

Em dias de contrariedade, estas correntes de solidariedade são, talvez a única coisa que nos faz voltar à perspectiva correcta. São a dádiva maior.

Para vocês, os mais vivos girassóis. Para ti, a minha mão e um passeio neste campo lindo.

Girassóis, como tu gostas. Para todos, para nós.

quarta-feira, junho 28, 2006

Reencarnação ou a lei do karma


Passei o dia inteirinho no Hospital. Tantas horas seguidas, a maioria de espera entre actividades tão agradáveis como ser espetada, invadida, apertada e etc, levaram-me a uma série de divagações, algumas conclusivas, sobre inquietudes profundas.

Não se alarmem, não me deu para reflectir sobre a fragilidade da condição humana. Ou até deu, mas não me apetece considerá-lo aqui. Hoje não, pelo menos.

Deu-me mais para analisar as incongruências do modelo de atendimento que temos, considerar para onde vai o dinheiro dos impostos que pagamos e outras coisinhas de somenos importância.

Tirei algumas conclusões, as mesmas que qualquer pessoa dotada com um mínimo de inteligência e de senso crítico facilmente tirará.

E depois, deu-me para extrapolar... Entrei quase em delírio e organizei para memória futura:

1º- As salas de espera das consultas dos Hospitais, à semelhança das da Segurança Social, Finanças e Centros de Saúde são filiais do purgatório.

2º- Acredito em reencarnação. Firme e decididamente a partir de hoje. Ninguém merece experiências destas, por muito pecador que seja. Tem que ser a Lei do Karma.

3º-Já que acredito, quero pedir para na próxima encarnação vir peixe, leve e colorido, livre e feliz mar adentro. Ou couve flor, calma, nutritiva e feliz, bem regadinha numa horta qualquer.
Quero ser uma coisa que não tenha ovários, trompas, tensão alta. Nem cérebro pensante, culpabilizante, fantasiante, delirante. Quero ser coisa simples, que esta foi uma vida cheia do privilégio de ser mulher.

4º- Comunico a quem interessar possa que fui oficialmente declarada um monte de coisas hoje. Entre elas, definitivamente hipertensa.

5º- Procurarei o altar de Shiva, para pedir com ardor pela minha próxima reencarnação; nesta faço o que tenho que fazer, mantenho o proverbial optimismo e a vocação para ser feliz e tomarei diariamente comprimidos, para sempre. Em vez de leite, oferenda comum, oferecerei iogurte, milk shake, arroz doce. O que fôr. Tenho mesmo que garantir que voltarei couve flor. Ou peixe.

terça-feira, junho 27, 2006

Dias...


Afinal, para onde vão os dias que passam?

Onde se escondem? Transladam-se daqui para uma realidade paralela, esfumaçam-se na poeira dos dias que ainda estão para nascer ou morrem e fim?

Com eles, um pouco de nós.

Certo é que passam, cada vez mais apressados, cada vez mais preenchidos com inadiáveis e urgentes inutilidades.

Tentas segurá-los entre os teus dedos, nas dobras das memórias que trazes no coração e às tantas, foi o ano que passado ou há dois? O quê? Quatro, já?

E depois há outras memórias que teimam em não te abandonar e até parece que foi ontem, porque dói ainda tanto hoje!

Também achas que os dias que passam felizes passam mais depressa que os outros?

Diz lá: afinal, para onde vão os dias que passam?

segunda-feira, junho 26, 2006

Day after


26 de Junho de 1975, há 31 anos.

Day after da Independência de Moçambique.

Pensei muitas vezes ao longo do dia de ontem sobre a data; hoje pensei em mim, há 31 anos, a mudar de País sem sair de casa, de hino, de bandeira... quando se tem doze anos e a inocência que a distância da informação massificada traz, o mundo fica tão diferente!

A RTP África mostrou ontem imagens das comemorações, mas há 31 anos, as imagens que nos chegavam eram só as que os nossos olhos viam.

Os meus olhos viram lágrimas, de dor e de alegria; música e dança, malas empilhadas e aeroporto cheio. Esperanças a morrer, esperanças a nascer. Uma bandeira com cores e símbolos que era preciso aprender, novo hino e canções revolucionárias que era preciso decorar para cantar; aulas de machamba colectiva na Escola, novos conceitos a integrar. Os meus olhos viram e não compreenderam quase nada.

Depois, mudar de casa, de vida, de País. Os homens mudam o destino dos meninos. Os meninos não têm palavra a dizer.

O meu post de hoje é para http://dakidali.blogspot.com , http://www.chora-que-logo-bebes.blogspot.com , http://chuinga4.blogs.sapo.pt e http://ferraosusana.blogspot.com , que entre muitos outros amigos da blogoesfera, sabem perfeitamente do que escrevo hoje. Para que quem me visita os visite também, gente de África tem sempre histórias bonitas para contar (isto se os links correram bem, quem cá costuma vir sabe que, enfim...).

Meninos crescem, ganham palavras que antes não tinham.

Hambanine, tatá.

domingo, junho 25, 2006

Badajoz


Parecia um S. João no Porto: fiestas de San Juan, Badajoz, 40º de emoção em estado puro, muitas bebedeiras, tiendas, magotes de gente por todos os lados e la fiesta brava, com sangue, muito sangue na arena.

Confesso: eu é mais caramelos, jamon serrano y tinto de Verano. Já agora, com muito gelo e paus de canela, se faz favor.

Manias. Cada um tem a sua...

Uma semana genial a todos, abençoada pelo resultado do jogo de hoje, cujos comentários mais expansivos deixo a quem percebe.

sexta-feira, junho 23, 2006

Pedrinho


Psiu, falem baixinho. Andem na pontinha dos pés. Telefone, não deixem tocar.

Hoje é dia de sussurros, de música suave em jeito de celebração; fiz uma canção na terça-feira, há dois post atrás, para Moana melhorar e Pedrinho chegar.

Vocês, que vêm, lêem e desejam, ajudaram à magia: Moana melhorou, Pedrinho chegou.

Ontem, com os primeiros frios do Inverno para ele, que é do hemisfério sul, chegou, directo para um monte de colos e abraços quentinhos.

Junto com Pedrinho, nasceu uma mãe, Anna. E um pai, Harry. Uma tia, Fábia, vovô e vovó estão repetindo com gosto, revisitando uma lição que começaram a aprender há um tempo atrás.

Moana ganhou primo e deixou de ser caçula, Henrique vai chefiar essa tropinha.

Logo, logo, estarão correndo e aprontando todas. Brincando de pião, andando de bicicleta, dando muito trabalho às menininhas.

A família está crescendo e se reciclando. No masculino.

Bem-vindo, Pedrinho. O Rio de Janeiro precisa que cheguem muitos outros meninos que venham para ser assim tão amados. Meninos destinados a ser felizes.

Para que nunca mais vovó veja um moço, em plena luz do dia, a passear carregando uma metralhadora à tiracolo, como se de uma sacola se tratasse, ali mesmo, ao virar da esquina.

Psiu. Podem dar os parabéns, desejar felicidades. Baixinho...

quinta-feira, junho 22, 2006

Chegou!!!


Não fiz muito alarido ontem, só comentei de passagem que era o dia mais longo do ano...

Trauma das duas primeiras (e a última também, já agora) semanas da Primaveira, cheias de vento e chuva, a malta fica traumatizada.

Agora parece diferente, oh yeah!, o sol quentinho brilhou ontem o dia todo e hoje, idem.

Está confirmado, ele chegou : "é verão, bom sinal, já é tempo, de abrir o coração e sonhar...", dizia a musiquinha.

Tempo de jantares na varanda, ainda de dia, a ver o sol esconder-se; tempo de gelados e gelatinas, andar descalça, cabelos molhados, chapinhar e mergulhar no infinito azul em jeito de arrepio...

De regar as flores das floreiras e espreitar os pardalitos atrevidos a tentar beber a água que transborda generosa...

Dos castelos na areia, sardinhadas com os amigos, Lisboa menos cheia, trânsito menos confuso, de patinar e passear de bicicleta. De crianças esquecidas de acordar cedo, felizes de pá e baldinho, bikini às bolinhas, totós ao vento.

Não. Nem pensem que hoje vou estragar o meu post de Verão, sonhado fantástico, com a memória da temporada de incêndios que já começou, com o caos do Algarve entupido de turistas, com a água que escasseia nas torneiras, com as salmonelas, com as férias judiciais, etc, etc, etc.

Ah, mas é que não mesmo. Hoje estou leve. Sinto e penso leve. E desejo leve, a todos.

Afinal, "É Verão, bom sinal, já é tempo..."

quarta-feira, junho 21, 2006

Ânimo


O post de hoje é para trazer ânimo e me "reconciliar" com a Marta (hoje o blogger não deixa pôr links, tentem http://amartaeeu.blogspot.com), que fez três ou quatro posts seguidos de poesias lindas sobre o chocolate e a sua ligação à sensualidade, bem a meio da minha dieta.

Estamos tristes com a Sôdona Milu (para quem ainda não sabe, é a nossa digníssima Ministra da Educação) e os seus desmandos; com o sr. Ministro da Saúde que fecha Maternidades sem acautelar medidas básicas de segurança para mães e bebés, a quem ele tem o cuidado de chamar fetos, como se a nomenclatura mudasse as circunstâncias; com o nosso Primeiro, que não tem dinheiro para por gasolina para enviar aviões em ajuda humanitária, mas já tem para levar a cambada à Alemanha para ver a Selecção jogar.

(Não é Mochinho? http://mochofalante.blogspot.com).

Hoje há jogo, logo mais. Nós trabalhamos, mas claro que há folga na Assembléia da República, para que os srs. deputados que o povo, que estará a trabalhar, elegeu, possam assistir a um jogo que já nem aquenta nem arrefenta. Portugal está classificado. Ah, o jogo só serve para saber se afinal jogaremos com a Holanda ou com a Argentina. Talvez para ajudar Angola a classificar-se (vez, Mocho?, é esta a missão humanitária... e nós a sermos más linguas!).

Questões básicas para a soberania nacional, portanto.

Marta, faz mais um post lindo, como só tu sabes, sobre a poesia do chocolate. Assim, para celebrar o nascimento do Verão. Para ajudar a passar o dia mais longo do ano. Juro, 'tás perdoada!

terça-feira, junho 20, 2006

Canção


Hoje a canção é para chamar Pedrinho e embalar Moana.

Para acolher com amor e desejo de vida lambuzada de beijos e miminhos Pedrinho e desejar espantar rápido para o lugar de não mais voltar o dodói de Moana.

Para sapecar um beijão na bochecha rosada e ver os olhos azuis piscarem felizes de Moana, para imaginar Pedrinho mais olho preto e respirar suave.

Para Anna e Fábia, mães que esperam. Fábia, que seu Luca Moana recupere, Anna, que a hora de acolher e estreitar no peito seu Pedrinho, não tarde! (vem, Pedrinho, deu tempo, vovó já acabou o espantalho!)

E para Ursa Mãe, minha Dinda tão querida, ligada a Anna e Fábia pelo mais poderoso dos laços kármicos. Para Dinda, o arroz materno do clã.


Hoje é dia Mundial para mais de 8 milhões de pessoas, refugiados das desgraças que os homens cometem. A minha canção também é para embalar baixinho todos os pequeninos que já nascem fugidos.

segunda-feira, junho 19, 2006

Because misery loves company...


O casamento do meu melhor amigo.


Para ti, porque estás muito triste.

Para mim, porque sim, tens razão: mexe com os meus medos mais profundos.

O meu coração está pequenino com a tua dor, mas o colo está aqui, como sempre para ti, como o teu sempre esteve aí, para mim.

"Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar...", e tu estarás bem outra vez. Combinado?

domingo, junho 18, 2006

Generosidade


Esta foto foi extraída de um jornal indiano, com a seguinte legenda:

"Só quem é pobre procede com tanta generosidade. Que pena o Homem não ser sempre assim."

Recebi por mail, da minha querida Dinda de além mar.

Nem sei o que me impressiona mais na imagem: a simetria da semelhança no acto de mamar? O olhar da mãe, que não vai para nenhum dos dois, compenetrada e isenta? A pobreza circundante? O acto de generosidade? A legenda?

Fica aqui uma homenagem a todas as mães. Biológicas, adoptivas. Generosas.

sábado, junho 17, 2006

Borboletas


É Primavera. Tempo de sol, flores e borboletas.

Chove torrencialmente há quase uma semana.

Alguém sabe para onde vão as borboletas quando chove?


Um rapazinho de três anos, com o nariz espremido contra o vidro de uma janela, fez-me esta pergunta: "para onde vão as borboletas quando chove?".

Já se passaram quase trinta anos. Ainda não sei a resposta. O filho desse rapazinho tem agora três anos. Será que o rapazinho descobriu entretanto?

sexta-feira, junho 16, 2006

Japão


O Parlamento japonês aprovou ontem uma lei para tentar diminuir a onda de suicídios que faz do Japão o país com maior índice deste tipo de morte no mundo.

Segundo a OMS, 24,1 casos por ano para cada 100.000 pessoas, equivalente a cerca de 30.000/ano, muitos deles organizados através da Internet, com os chamados "pactos de morte", nos quais várias pessoas combinam e executam mortes conjuntas.

Em 2005 os "pactos de morte" fizeram 91 vítimas em 34 suicídios colectivos. No total, só em 2005, 32.552 indivíduos suicidaram-se (crescimento de 0,7% em relação a 2004)

Entre as causas, assédio, baixa espectativa de empregabilidade e extrema rigidez no código social japonês.

70% dos suicídios de 2005 vitimaram indivíduos do sexo masculino e destes, mais de metade tinha mais de 50 anos.

Entre estudantes, este tipo de morte aumentou 9,8% em 2005, totalizando 861 casos (433 universitários, 7 estudantes do ensino básico e 281 do ensino médio).

A nova lei visa essencialmente a prevenção nas Escolas e locais de trabalho, assistência aos sobreviventes das tentativas de suicídio e aos parentes e aumento imediato do número de Gabinetes de atendimento Médico e Psicológico.

Fonte: Revista Veja, versão on-line

No Japão os estudos são sérios e as leis são para se cumprir. Recomendo vivamente às centenas de psicólogos desempregados e aos estudantes de Psicologia, face ao diminuto mercado de trabalho português, país onde não há baixa expectativa de empregabilidade, ninguém se deprime ou suicida, que comecem desde já a aprender japonês. Emigrar pode ser uma grande alternativa.

quarta-feira, junho 14, 2006

Dor de Cotovelo


_Mas sabes, o que me consola, o que me deixa menos triste, é que ele, quando se despediu, tinha lágrimas nos olhos. Disse-me "Provavelmente és a melhor coisa que me aconteceu!, talvez mesmo o amor da minha vida... mas, neste momento, preciso de mais, nem eu sei bem do quê...". Ai, amiga, achas que lhe mande uma mensagem? Assim, só para saber se ele está bem, sem grandes declarações?

Que queres que te diga, amiga minha? Não queres ouvir o que te posso dizer... Que amor é esse que é demais para ele e para ti? Mandar uma mensagem? Pois se ele se pirou com tanta elegância há mais de 3 semanas e, até agora, nem água vai...

Esta conversa aconteceu há uns cinco anos. Mais palavra menos vírgula. Lembrei-me dela hoje no meu passeio pelos blogs... Há várias meninas a sofrer deste tipo de mal: serem boas demais, segundo eles, para que eles as mereçam... a sofrer do impulso de mandar mensagens que não têm resposta... Mas isto nunca muda?

PS: a minha amiga casou com alguém que a ama e que não acha que ela é boa demais, acha que ela é só boa. Muito boa, na medida certa para ele. Está muito feliz, obrigado.

Pedi-lhe autorização para fazer aqui esta referência e ela riu-se..."que patetice, já nem me lembrava..."

Comemoração


Sabes que és feliz quando tens o céu a brilhar dentro da tua casa e o vês mesmo que não abras a janela.

Se alguém te espera com um jantar à luz de velas, na varanda recém decorada de verde.

E se, tempos depois ainda está tudo lá, como da primeira vez, à tua espera.

Como sempre. Até sempre, mesmo que sempre seja muito tempo.

Parabéns! E felicidades, como se o desejo fosse para mim.

terça-feira, junho 13, 2006

Ontem


Ontem ganhei um manjerico.

Era dia de Santos Populares e Alfama cheirava a sardinhas, caldo varde e farturas. Havia marchas na Liberdade e uma escandalosa lua cheia, cheiinha, amarela a transbordar, pendurada qual cenário fantástico atrás do Castelo.

Ouvi de passagem "fazes-me feliz" e nem o cheiro das sardinhas foi mais forte que o beijo no sorriso rasgado.

Se a memória não me falha, era Dia dos Namorados no Brasil.

Brasil! Hoje! Obrigado por teres vestido a camisola 10. Eu estou com a 9 e assim é que é bonito: eu torço por ti, um pouquinho, e tu fazes de conta que torces por mim.

Viva!

segunda-feira, junho 12, 2006

Fim de semana


A Casa da Avó Velhinha existe desde que ela não era avó, muito menos velhinha.

Era uma moça de talento, que desenhou e supervisionou pessoalmente a construção da casa que primeiro acolheu quatro flhos, depois os quatro filhos e oito netos e depois ainda, os quatro filhos, oito netos e seis bisnetos.

A casa é grande, como era o coração dela, mas não acolhe a descendência em simultâneo; a vida e as partihas fazem com que a Casa acolha geralmente um dos filhos, a nora, uma das netas e o marido, as duas bisnetas.

É tempo de panquecas com manteiga e mel ao pequeno almoço, com sumo de laranja espremido das laranjas colhidas ali mesmo, minutos antes; de sardinha assada acompanhada com as melhores batatas de sempre, salada de pimentos e tomates, com cebolas, salsa e coentros da horta.

Há coelhinhos castanhos recém-nascidos e dúzias de pintainhos amarelos, colhem-se os primeiros figos e ameixas Rainha Cláudia, os morangos e os abacates ainda estão verdes e as videiras estão carregadinhas.

Na entrada, quatro azaléias cor-de-rosa exalam o seu doce e intenso perfume de damas da noite e o terreiro parece a sede das Nações Unidas. Das Nações Unidas Lusófonas ou, mais precisamente, das Nações Unidas Lusófonas presentes no Mundial, pelo menos. O avô e o genro, portuguesíssimos, pespegaram duas bandeiras portuguesas, a avó reclama que tem um filho Angolano e lá está a bandeira correspondente e há ainda um neto brasileiro e uma filha do contra, logo a verde e amarela também dita por ali ordem e progresso.

As modernices ali não chegam: o telemóvel só recebe sinal num dos cantinhos da horta e a net caminhante não funciona de todo.

Tudo convida à preguiça: a rede esticada entre as laranjeiras, os banhos de mangueira, as crianças que fazem bolinhos de terra, o cheiro das flores, o campo de girassóis, a cama de lençóis fresquinhos... e o mar ali tão perto.

A Avó Velhinha, na sua proverbial generosidade e sabedoria, de onde estiver, supervisiona zelosa a devoção da família à casa a que todos voltam.

E o fim de semana só, não chega para matar as saudades...

sexta-feira, junho 09, 2006

Hoje e mais um mês!


Começa hoje e é incontornável: há bandeirinhas por todo lado a agitar-se histericamente há semanas, 90% dos portugueses já comprou a t-shirt do Eusébio no Continente e todos sabemos o que come a selecção nacional (canja e vinho, informa a Carlota - lote 5 - 1º Dtº. -, espero que o link tenha corrido bem senão ela desanca-me porque é uma das 92 pessoas que já tentou ensinar-me a fazer isto como deve de ser), que luvas usará o Ricardo, que o Cristiano e o Figo são o 4º e o 3º jogadores mais bonitos do campeonato (ainda a Carlota, as coisas que ela sabe!) e que a esposa do Simão cortaria os pulsos por ele, entre outras coisas fantásticas e imprescindíveis para o panorama cultural português.

Na Alemanha, um tipo safado e esperto passou meses a refilar contra o poderio da FIFA, dona da marca World Cup 2006, que possui todos os direitos sobre a comercialização de tudo o que diga respeito ao campeonato. E ele a querer ganhar umas massitas, mas sem poder pagar os preços que a FIFA pede para licenciar produtos.

Até que, viva a criatividade, descobriu que ainda ninguém tinha pensado vender saquinhos com AR dos estádios, ar legítimo alemão, a cheirar a relva! E o ar é de todos e a FIFA não pode reclamar direitos sobre ele!!!

Tunga, colocou AR em saquinhos e vá de atar com lacinhos e estão à venda. O povo compra feliz mais esta recordação de tão famoso evento.

O moço agradece. Até agora, é o único que já ganhou este campeonato do mundo. Dá-lhe!

quinta-feira, junho 08, 2006

Pecados originais


Não acreditas em pecados, muito menos em pecados capitais.

Mas se eles são sete (está na Bíblia), se fosses um deles, qual serias?

Relembrando: Orgulho, inveja, gula, luxúria, ira, ganância e preguiça.

E se tivesses que fazer uma nova listagem de pecados capitais, adaptada aos tempos modernos, que pecados acrescentarias à lista original?

Eu confesso, tenho os meus dias de pecadora preguiçosa, desde que o meu irmão me ofereceu uma t-shirt que diz :"Pessoas inteligentes são preguiçosas"..., então, legitimei o direito a este pecado.

Ah, e a gula, bem, acompanhada de alguma luxúria (até a palavra é gira, sonora) ; a ira (preencher o IRS, aumento das portagens, o salário dos jogadores de futebol - esta inscreve-se também na inveja, será?, as asneiras dos ministros, da saúde e da educação, principalmente) e uma invejazinha ocasional (sim, a CK vai para as Bermudas, roam-se, não sou a única de certeza!).

Pois, no meu caso só escapa a ganância. Acabo de dar conta de que sou uma pecadora compulsiva!

Bom, na lista de pecados novos, intolerância, apatia, homofobia... Venha o diabo, ele que nos tenta e leva a pecar, e escolha!

E, apesar da pontinha de inveja, CK, minha linda, DIVERTE-TE à grande.

quarta-feira, junho 07, 2006

Quantos queres


-Mãe, quantos queres?

-Quatro.

-Um, dois três, quatro. E agora, que cor?

-Laranja!

-Laranja, saiu-te um coração. Ainda bem.

-Ainda bem? Porquê?

-Porque estavas sem coração. Deste o teu ao pai C. Agora guardas este, pregas com o imã na geladeira para não perderes, ok?. Este é só para ti.

Para o C, que guarda com carinho os corações das meninas da casa.

terça-feira, junho 06, 2006

Pérolas


"Uma ostra tem que ser duramente magoada para produzir uma pérola", Mahatma Gandhi


A pérola origina-se de uma reacção de defesa e protecção do molusco ostra a corpos estranhos que penetrem no seu interior. Simboliza a inocência e a pureza.

Este post é dedicado a todos os que ontem partilharam as suas experiências de dor, em especial aos que conseguem transformá-la em pérolas.

E é para os que estão a aprender a fazê-lo, também. Para que o colar fique bonito e completo...

segunda-feira, junho 05, 2006

Desilusões


Parece consensual que a maior de todas as dores é a morte, o desaparecimento perpétuo de alguém que amamos.

Nunca conheci ninguém que assim não pense. Sentir a saudade que a morte traz é a dor definitiva.

Mas atrevo-me a afirmar que a seguir, se é que é possível quantificar as dores, será a desilusão.

Porque na desilusão somos directamente responsáveis, fazemos parte do jogo que culminará em dor, maior ou menor que seja, e esta depende simplesmente de uma escolha que fizemos à partida: iludimo-nos!

Hoje alguém chorava uma desilusão e dizia: "Como pode fulano fazer-me isto?"

Wrong question! A pergunta certa é, "como permiti eu que me fizessem isto?".

Bolas tracinho se!!! A vida centrada na responsabilidade do Eu custa como o caraças!

Mas é a única maneira, certo?

domingo, junho 04, 2006

Eu fui!


O Rock in Rio atinge este ano a sua maioridade. Em Lisboa.

Em 1985 foi a sua primeira edição, no Rio de Janeiro, que continua lindo em Fevereiro e Março.

Eu fui!

Fui em dia Queen. Em dia Fred Mercury no auge, de coulottes brancos, lista vermelha, enrolado na bandeira, primeiro de Inglaterra, depois do Brasil, emocionado com o coro de milhares que garantiam "we are the champions!". Era o tempo em que íamos mudar o mundo, inocentes antes do HIV, e ningém queria viver forever.

Hoje faz 19 anos que a China ofereceu ao mundo o massacre da Praça da Paz Celestial. Em paz celestial estará o Fred, a cantar, encantar, arrepiar quem o puder ouvir. Ou recordar.

Há dois anos, foi o nosso primeiro Rock in Rio. Eu fui.

Hoje é dia Sting no Rock in Rio Lisboa.

Eu vou! Para o meu mundo melhor...

sábado, junho 03, 2006

A praia


Creio que todos os que gostam de mar elegem uma praia como a sua favorita.

Escolhem-na porque lá vão desde a infância, porque é a praia a sua juventude, porque é a mais bonita que conhecem, porque lá foram felizes, porque a água é mais quente, porque ela lhes traz à memória fantásticos Verões.

A vida tem sido generosa comigo, de várias formas. Tive a felicidade de ter um pai aviador, que passarinhou o mundo inteiro sempre com a família atrás.

Assim, conheço muitas praias, apaixonada que sou pelo mar. Fui sempre feliz numa praia qualquer, desde os tempos em que mergulhava no Indico, no Macuti e, quando sentia picadinhas nas pernas, corria a buscar uma toalha para apanhar camarão. Apanhávamos quantidades que chegavam para um belo petisco.

Nas rochas, na baía em Luanda, havia búzios e eu passava as manhãs de domingo a pescar. No Farol, em Olhão, era a vez dos mexilhões e das ameijoas...

Ouvindo uma conversa sobre a praia favorita num grupo de amigos, tentei eleger também a minha praia.

Imediatamente me veio à memória a praia que vêem na foto acima, a mais pequenina. A grande chama-se Praia do Lázaro, a pequenina, Domingas Dias. Fica em Ubatuba, litoral norte de S. Paulo, Brasil. A água é quentinha e transparente, a praia minúscula, de acesso limitado e exclusivo através de condomínio fechado. Não há bares, música alta, nem vendedores de gelados e a vista, com a mata Atlântica a entrar pelo mar dentro, maravilhosa.

Adoro-a.

Mas adoro ainda o Mussulo, minha ilha perdida perto de Luanda, o Bilene dos flamingos cor-de-rosa em Moçambique, a baía de Stanley de Hong Kong, a praia da Marinha no Algarve, Matalascanas em Espanha, a Praia do Pescador, na costa da Caparica, a Praia da Torre, na linha, para um mergulho perto e rápido e uma bebida no Praia Café... Posto 9, Ipanema, para a melhor água de coco gelada. Umas pelas qualidades que todos lhes reconhecem, outras pelas lembranças infinitamente felizes que me trazem.

Tenho conchas e búzios do mundo inteiro, recolhidos por mim e que ainda hoje representam, em memória grata, cada um dos mergulhos aventureiros que já dei aqui e ali.

Mar e mar, ir e voltar, dizia o poeta.

Hoje também vou a banhos. Se conseguir entrar na água gelada da Figueirinha. Como a felicidade é feita de pequenos prazeres, posso só molhar os pés. E contar as bençãos.

Tem um fim de semana feliz. Se puderes, mergulha.

Qual é a tua praia?

quinta-feira, junho 01, 2006

Curvas generosas

Aprés bain, detalhe - Renoir

Porque não pode a humanidade voltar a encantar-se com mulheres de curvas generosas?, de seios amplos, coxas grossas, ar rosado e saudável? Assim, como Renoir gostava e pintava.

Olhem com atenção: ela tem montes de bom ar!

Por causa das mudanças de humores e gostos da humanidade, eu e a Carlota,

lote5-1ºdto.blogspot.com, estaremos de dieta até 2036.

Não é justo!!!